quarta-feira, 31 de março de 2010

Aqui, já !!!!!!!!!!!!!!!!!

Zás! Entrou de rompante, sem licença!
Correu as mesas de nariz no ar,
Houve, na malta, uma alegria imensa
E uma senhora dona quase a desmaiar.

Os empregados dão-lhe caça,
Ele esquiva-se, esconde-se, ajudado
Pela malta. É um soberbo cão de raça,
Esbelto e bem tratado.

Fugiu à trela da dependência.
Por uns instantes (mais não terá!),
Escapa ao jogo da obediência,
Ao imperativo do aqui, já!

Depois dos caçadores haverem desistido,
Afagado e feliz,
Comeu um bolo, lento, estirado ao comprido,
E saiu quando quis.

(Com que emoção,
No circunspecto da minha idade,
Vivi, na fuga daquele cão,
A sensação de liberdade!)

António Manuel Couto Viana
(n. 1923)
As escadas não têm degraus, nº4
(Cotovia, 1991)

Sem comentários:

Enviar um comentário